Setembro 2023 | À conversa com Rui Alves: A missão de estimular o potencial empreendedor

A IPStartUp esteve à conversa com o professor Rui Alves, consultor independente na área tecnológica e professor na Escola Superior de Ciências Empresariais em áreas como E-Business, Inovação e Estratégia Empresarial e Empreendedorismo.

Enquanto mentor da IPStartUp nas áreas de IT e Modelos de Negócio, compartilha a sua experiência de empreendedor, professor de áreas ligadas ao empreendedorismo e entusiasta pelo talento jovem para a criação de negócios. Destaca a importância de estimular o potencial empreendedor dos alunos e ajudá-los a despertar para o empreendedorismo.

Para além da sua experiência, o professor reflete sobre o potencial do Poliempreende, enquanto concurso que apoia neste trajeto, mas também no desenvolvimento de competências empreendedoras.

Lê o seu testemunho em seguida:

Qual o papel do empreendedorismo na sua vida?

O empreendedorismo na minha vida tem uma grande importância porque, desde muito cedo, que me tornei empreendedor. Corria o ano de 99 e já tinha o meu próprio negócio de desenvolvimento de software na área de gestão e desde aí que tenho feito sempre “carreira” no empreendedorismo. Para além de o praticar, sinto-me ainda um privilegiado porque me encontro a lecionar nas áreas de empreendedorismo e inovação e tenho a oportunidade de ajudar também muitos jovens na IPStartUp que desejem dar o próximo passo no empreendedorismo.

Enquanto professor, como alcançar o potencial empreendedor que nasce na comunidade académica?

Digamos que alcançar o potencial empreendedor dos estudantes é a missão. É algo que passa por estimular os alunos nas salas de aula e o que tento fazer é descobrir o talento que há em cada um deles e a vontade que têm de prosseguir uma carreira empreendedora ou avançar com uma ideia e criar um negócio.

Acabam por ser um desafio interessante, mas que começa muito pelo trabalho que é feito dentro da sala de aula, para depois virem a encontrar um caminho possível no empreendedorismo. Cabe-nos a nós, enquanto professores, ajudá-los a despertar para o empreendedorismo.

Qual a motivação para se tornar mentor da IPStartUp e como tem sido essa experiência?

Começou tudo como um teste, há alguns anos. Fui a um workshop do Poliempreende, ainda não era mentor, e interessei-me por toda a mecânica. Depois, comecei a colaborar, cada vez mais, com a IPStartUp e o meu interesse por ajudar jovens empreendedores foi crescendo. Neste momento, estou numa fase em que me encontro bastante envolvido com todo o trabalho da IPStartUp, tanto como mentor e também como tutor.

E o que me motiva muito é estar sempre perto de talentos emergentes. Gosto de estar rodeado de jovens talentosos e com visão e capacidade para desenvolverem as suas ideias e transformarem a sociedade. E gosto também de, naquilo que me é possível, conseguir ajudá-los com o meu conhecimento e experiência, motivá-los a prosseguirem com os seus objetivos de concretizar as suas ideias de negócio.

Enquanto mentor da IPStartUp, que importância atribui a uma incubadora académica para um estudante do ensino superior que queira empreender?

É muito importante! Especialmente no Ensino Politécnico onde temos escolas de ciências aplicadas e onde as empresas veem também nos alunos dos politécnicos um mercado interessante para recrutar talento.

Uma incubadora, como a IPStartUp, tem um papel importante porque, primeiramente, permite fazer uma ligação direta entre a Academia e o meio empresarial, com a concretização desses negócios.

E depois, porque o nosso trabalho enquanto professores é limitado, não chega ajudá-los a desenvolverem as suas ideias de negócio nas unidades curriculares. Até porque temos um currículo a cumprir e um programa a lecionar durante esse semestre. Precisamos de mais do que um semestre, às vezes até mais do que uma disciplina com uma área de ação para os conseguir ajudar a desenvolver essa ideia de negócio. É aqui que a presença de uma incubadora académica como a IPStartUp ganha uma importância acrescida porque consegue apoiar os seus estudantes, para além do dito percurso normal de ensino de um Politécnico.

Para além disto, consegue também apoiar os alunos em áreas muito diversas e essenciais, como a criação de negócio, prototipagem, contacto com potenciais parceiros e também com mentores que os podem ajudar neste processo de empreender. Os estudantes contam com um conjunto de valências muito importantes e interessantes neste processo de pré-incubação e incubação dos seus negócios.

Que ligação tem o empreendedorismo com a sua área de Tecnologia e Modelos de Negócio?

Diria mesmo que tem tudo. Eu sou formado em gestão, mas desde cedo que aprendi a desenvolver software. Pouco tempo depois, a empresa que criei foi voltada para a área de software de gestão. Com isto, a tecnologia sempre esteve presente na minha vida.

Sou Microsoft Professional certificado e sempre lidei de muito perto com a tecnologia. Negócios tecnológicos sempre foi algo que me interessou e sempre apliquei estas técnicas à minha empresa e continuo a aplicar, mas trabalho atualmente mais com a área de consultoria. Sempre me interessei muito por modelos de negócios digitais e hoje, para além de estudar e aprender sobre isso, aplico-o também nas minhas aulas, especialmente nas aulas de E-Business e isso dá-me imenso gosto.

Relativamente ao Poliempreende, que balanço faz desta edição?

Faço um balanço muito positivo porque o ano passado tivemos muito poucos alunos a concorrer. Este ano, foi um número muito significativo de alunos e tive o prazer de ver alguns de E-Business que estiveram comigo no semestre passado e desenvolveram os seus conceitos em sala de aula.

Encheu-me de muito orgulho ver, por exemplo, uma estudante minha a concorrer no Poliempreende, a Rute Cruz, com o IPS Eats. Foi um projeto trabalhado na nossa unidade curricular que, aperfeiçoado para o Poliempreende, conquistou o terceiro lugar. E o meu desejo é que, nas próximas edições, consigamos conquistar este interesse por parte dos estudantes e que nós, enquanto professores, consigamos levar os estudantes a concorrer com estas ideias trabalhadas numa primeira fase nas nossas unidades curriculares, que depois continuem a ser desenvolvidas para o Poliempreende.

Qual a importância de um concurso como o Poliempreende para o desenvolvimento do percurso profissional dos estudantes?

É muito importante! A ideia com que fico é que alguns estudantes pensam que o Poliempreende é um concurso para criar um negócio imediatamente, mas não é. É um concurso de ideação, uma oportunidade para os alunos testarem as suas ideias de negócio, um laboratório para testarem o seu potencial empreendedor, com várias ferramentas disponíveis para quem queira criar a sua empresa no futuro. Por isso, é também uma oportunidade muito interessante para desenvolverem soft skills, que é algo tão valorizado pelas empresas atualmente.

As empresas procuram talentos e alunos que tenham mais para além do seu percurso normal no Ensino Superior e com o Poliempreende os estudantes ganham uma nova perspetiva sobre como é trabalhar uma ideia de negócio e empreender. Podem até não vir a ser empreendedores no futuro, mas ficam a conhecer algumas técnicas e ferramentas que vão ser úteis para os seus trabalhos futuros, sem dúvida nenhuma.