Maio2023| À conversa com a Vice-Presidente Luísa Carvalho: Fomentando a Cultura Empreendedora no IPS

A IPStartUp tem-se destacado por incentivar e apoiar a cultura empreendedora entre os seus estudantes e na comunidade académica em geral. Com o objetivo de promover o empreendedorismo como uma ferramenta para o desenvolvimento regional, o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) tem investido em programas e projetos inovadores, como o Poliempreende.

Nesta entrevista, conversamos com a Vice-Presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Luísa Carvalho, sobre a visão do IPS em relação ao empreendedorismo e ao programa Poliempreende.

Qual o papel do empreendedorismo na sua vida?

Enquanto Vice-Presidente aqui no Instituto Politécnico de Setúbal com a pasta do empreendedorismo, reconheço a responsabilidade diária de desenvolver um conjunto de ações e de estratégias para a promoção do empreendedorismo. Mas, para esse efeito, tenho o apoio de uma equipa muito importante aqui da Divisão para a Investigação e Corporação Internacional e da equipa da IPStartUp, que diariamente trabalha em conjunto para melhorar os indicadores de empreendedorismo no IPS.

De forma global, como é visto o empreendedorismo pelo IPS?

Desde há alguns anos tem sido considerado como um fator importante e estratégico. Isso pode também visualizar-se através da importância que é dada ao Poliempreende, onde já vamos na 19ª edição, sempre com equipas a concorrer e que, para além do número elevado de estudantes, docentes e também trabalhadores não docentes que têm participado no Poliempreende, tem sido dada formação transversal e, inclusivamente, já foram criadas algumas empresas.

Que objetivos estratégicos têm sido traçados pelo IPS para a promoção do mesmo?

Passa, por um lado, pelo investimento no Poliempreende que permite ter um conjunto de formações, que funcionam desde o primeiro semestre até praticamente ao final do segundo semestre de cada ano letivo. Nessas formações, também se dá a conhecer como é que os estudantes e a comunidade IPS, inclusive os alumni, podem receber um apoio para a validação da sua ideia de negócio. Por vezes, há ideias de negócio que as pessoas até consideram muito relevantes, mas depois carecem de validação técnica, de conhecimento do mercado, de preços a praticar ou até da maturidade suficiente para lançar o produto no mercado.

Não esperamos que todos criem uma empresa, porque também não é essa a tendência. Encontramos, muitas vezes, estudantes que ainda estão a fazer todo o seu processo formativo, mas queremos que tenham também o desenvolvimento de competências de empreendedorismo, que são muito úteis para todos aqueles que vão trabalhar mesmo por conta de outrem. Ou seja, o objetivo não é apenas a criação de empresas, mas também o desenvolvimento de competências empreendedoras.

Como podemos alcançar mais potencial empreendedor na Comunidade Académica?

O desenvolvimento do potencial empreendedor faz-se, não só com o concurso de empreendedorismo, mas também através de um conjunto de outras iniciativas que são desenvolvidas nas diversas escolas do IPS pelos seus docentes e que, num conjunto de disciplinas, nem todas relacionadas com o empreendedorismo, desenvolvem projetos e novas formas de aprendizagem que permitem desenvolver essas competências que são importantes para o empreendedor.

É fundamental aprenderem a lidar com o risco, mas com conhecimentos técnicos. É também importante terem experiências internacionais porque, cada vez mais, é preciso pensar no empreendedorismo como uma estratégia internacional e global. Ou seja, há aqui um conjunto de atividades e de estratégias que são desenvolvidas através das diversas escolas, dos seus docentes e estudantes que nos enquadram enquanto uma instituição de ensino superior empreendedora.

Relativamente ao Poliempreende, que balanço faz desta edição?

Penso que esta edição foi muito bem-sucedida. Estou muito contente com os resultados desta edição e há aqui o culminar de um trabalho desenvolvido ao longo deste ano letivo, em que se conseguiu chegar a mais de 200 estudantes diretamente, para além de tudo o que foi divulgado através das redes sociais.

Tivemos um conjunto de equipas bastante significativo a participar e conseguimos dar formação inicialmente a mais de 20 equipas, apesar de alguns considerarem, numa fase final, que não tinham a sua ideia ainda madura o suficiente para irem a concurso.

Contudo, tivemos um número bastante representativo de equipas na final, com ideias de negócio já bastante articuladas e foi muito interessante. Temos também aqui um papel muito importante dos mentores que deram apoio às equipas e que são aqui pontos fulcrais neste processo.

Qual a importância do Poliempreende no percurso profissional dos participantes?

Cada vez mais, quando se termina um curso superior, tem de se considerar que o que vale para o mercado de trabalho não é apenas ter o diploma e uma nota de final de curso. Há outro tipo de competências e de experiências que são muito relevantes e que são avaliadas pelo empregador.

A participação num concurso de empreendedorismo, onde se pode receber formação, ter a experiência de falar em público, conseguir defender uma determinada ideia e um projeto perante um público de pessoas externas, de incubadoras, de entidades, de escritórios de transferência de tecnologia é muito relevante e penso que será um fator de valorização para o percurso, para além de toda a experiência que se pode ter e o conhecimento com que se fica ao querer abrir uma empresa no futuro.

Que papel pode ter o Poliempreende enquanto objetivo estratégico para o desenvolvimento do IPS?

Para além de ser um concurso que funciona no IPS, funciona também em simultâneo nos diversos Institutos Politécnicos e escolas associadas que têm Ensino Politécnico. Portanto, é uma rede nacional, onde se pode promover o empreendedorismo e onde se encontram boas práticas que são passadas entre as várias instituições nas diversas reuniões que existem.

Permite também que haja uma visibilidade dos Institutos Politécnicos no contexto nacional, porque são as instituições de ensino superior que estão organizadas neste modelo, no sistema binário. É, por isso, fundamental o Instituto Politécnico de Setúbal preparar bem os seus estudantes e também ter aqui capacidade competitiva. E estamos com esperança de que este ano possamos ter condições para receber um prémio.

E para o desenvolvimento da região de Setúbal?

Um dos objetivos do Poliempreende também é uma ligação à comunidade, à região e temos trabalhado nesse sentido. Inclusivamente, tivemos no Júri do concurso, entidades de incubadoras e de empresas da região de Setúbal. Alguns dos negócios ou das ideias de negócio desenvolvidas são ideias que também permitem criar emprego na região, criar valor e trazer inovação e enquadra-se muito bem na missão do Politécnico de trabalhar de forma estreita e colaborativa em cocriação com a região de Setúbal. O Poliempreende cumpre, de certa forma, esse desígnio.

Que expectativas tem o IPS para esta fase nacional?

Eu sou sempre uma otimista! Acho sempre que temos a hipótese de ganhar. Se não ganharmos, faz parte do jogo. Umas vezes ganhamos, outras não. Mas tenho boas expectativas para este ano. Acho que a ideia que ganhou o concurso regional é uma ideia muito interessante, que se insere no contexto de novas tendências de sustentabilidade, de combustíveis que não sejam poluentes do ambiente e que nos podem levar ao pódio com estas tendências bem atuais.

Que mensagem ou conselho deixa aos concorrentes das futuras edições?

Participem. Não deixem de participar. É fundamental participarem, porque vão ganhar competências e vão conhecer um conjunto de pessoas, mesmo que não queiram já abrir uma empresa.

Têm oportunidade de ter o apoio de docentes, dos nossos mentores e da incubadora, que é uma mais-valia. Para além de ser importante para o vosso currículo, podem ainda criar amigos e conhecer colegas de outras escolas. É uma experiência a não perder e, enquanto estudantes, devem aproveitar todas as experiências a que têm direito durante o vosso percurso pelo IPS.